sábado, 22 de setembro de 2018

Lua Negra

O som da água enchendo a banheira, o corpo nu tentando suportar o frio que já se faz na serra gaúcha nesse início de outono. Olho pela janela, é muito cedo ainda, não há ninguém na rua, uma luz azulada deixa a paisagem mais bonita, a neblina pairando nas montanhas, no asfalto lá embaixo. Um ônibus com turistas passa em baixa velocidade. O ano todo é bom para o turismo, alguns preferem o frio, eu prefiro o frio, Gramado é bonita em qualquer época do ano, da vida. Que frio! Ela chega hoje. Cadê minha maldita euforia? 
O beijo. Parece que foi ontem que a beijei. Estávamos numa pequena cascata em Santa Catarina debaixo de um céu cinza apesar do verão. Aquela água tri gelada, capaz de fazer qualquer um encarangar de frio, mas todos se divertiam e riam alto. Celebrações da Lua! Ela me levou para um local isolado, subimos por uma trilha íngreme, ela foi na frente, me puxando pela mão. Ao chegarmos no topo as pessoas lá embaixo nos viram. "Pulem", gritavam eles.  Uns bons sete metros de queda, uma boa adrenalina. Olhei para ela como quem pergunta com o olhar..." E ai? Vamos?" Um silêncio se fez, um sorriso. Um beijo! Ela me beijou e era bom o beijo, paramos um momento, olhos nos olhos e nos beijamos mais intensamente. Beijei com toda a vontade que um primeiro beijo tem. Me vi com vinte e três anos podendo beijar a garota que já era minha paixão há algum tempo. Me vi com minha prima. Ela tocando meus seios, me prensando contra uma árvore, deslizando as mãos pelo meu corpo, me fazendo sentir calor naquele dia frio de verão.